Sim, educativos estes tempos. Sem dúvida. Como se até aqui tivesse frequentado o ensino básico e só agora, nos últimos tempos, me tivesse sido permitido assistir às aulas das classes mais avançadas. E o mais assustador, saber que vem aí o ensino superior, e depois, quem sabe, especializações e mestrados. Tudo em matéria de emoções, claro.
Uma amiga dizia-me, há poucos dias, que eu era "emocionalmente esperta", porque, confiando muito pouco no ser humano, me iludia bastante menos com as pessoas à minha volta.
Não reconheço nesta dita qualidade grandes vantagens. O pré-aviso não minimiza a dor. Os tambores, o burburinho da assistência e o eco dos passos do carrasco não fazem com com se sinta menos a crueza do couro de um chicote a rasgar-nos a pele.
Mas é verdade que são raras as vezes em que uma traição ou manifesta falha de carácter me surpreendem realmente. Mesmo de pessoas bastante próximas. Aprendi a gostar dos seres humanos que me rodeiam com as respectivas falhas incluídas, e não exijo de cada um deles mais do que, de acordo com as suas singulares características, seria legítimo pedir-lhe.
Mas há momentos muito educativos. Como reconhecer a frieza nos que inicialmente quebraram as nossas barreiras com uma intimidade morna e (aparentemente) sincera.
Sim, mil vezes prefiro a traição apaixonada à adequação frígida e desesperançada.
E eu? Bem, obrigada.
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