Mel Com Cicuta 

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room.

 

William Hazlitt  
      

   

sexta-feira, outubro 28, 2005

São dois xanax para a mesa três, por favor...

O verdadeiro inferno pela manhã é ter de partilhar o mesmo metro quadrado com a P. da criancinha de tenra idade a quem os anormais dos paizinhos tiveram a ideia peregrina de oferecer uma flauta.

Não se ama alguém que não ouve a mesma canção?

Esta é uma questão que, subdividida noutras, e cada vez mais, tem sido tema de conversa nos diálogos e tertúlias mais intimistas, nos jantares do Bairro, nos jantares do Guincho, e nas chávenas de chá a-toda-a-hora do escritório.
Será que somos capazes de amar e viver ao lado de alguém que sempre viveu numa outra realidade? Será o amor um catalizador tão eficaz que anula diferenças de princípio? De entre todas as diferenças quais são as realmente inultrapassáveis?
Percebi, com o passar dos tempos e algumas nódoas negras emocionais, que o amor não resolve tudo, aliás, no mais das vezes, nem sequer ajuda nada. Serve apenas de analgésico (de qualidade duvidosa) e atordoa-nos os sentidos, permitindo-nos continuar a viver num estado de semi-vigília enquanto tudo o resto se vais desmoronando e perde qualquer sentido. Quando acordamos, geralmente com uma ressaca monstruosamente acumulada, já nem nos lembramos das razões que nos levaram ao patamar onde agora estamos, e que nos parece, apenas, desconfortável, e constrangedor, como uma saia demasiado curta, que não nos cobre o suficiente para estarmos socialmente confiantes.
É este o resultado de tentar combinar pessoas com interesses e circunstancialismos totalmente distintos.
E o que é "a mesma canção"? Não me refiro, naturalmente, a questões financeiras. Mas a coisas muito mais determinantes: Carreira, ambições, valores e interesses culturais. Desisti de tentar adaptar-me a homens que não querem da vida mais do que eu, que me acham excêntrica pela mania dos livros e do jazz, a quem incomoda, mais ainda do que o interesse pela política e economia, as noites passadas no escritório ou à frente do portátil entre 38456 papéis.
Eu não sou só aquilo que sou de alguém, eu sou sobretudo aquilo que faço, e ainda mais, aquilo que quero.
E o que eu quero é um homem que eu possa admirar e que me faça querer estar em bicos de pés para chegar até ele, não alguém que eu tenha de me baixar para tentar perceber.
Descobri, que no amor, ao contrário da vida, tenho vertigens, e raramente gosto do que vejo quando olho para baixo... Pior, o mais certo é perder o equilíbrio e, invariavelmente, estatelar-me...

Solidariedade Hospitalar

Este blog deseja as rápidas melhoras aos amigos doentes, constipados, engripados e pedrados (não, não é esse tipo de pedra...é no rim).
Está, desde já, prometido um jantar, no sítio do costume, com o bolo de chocolate do costume, para festejar recuperações e regressos.

terça-feira, outubro 25, 2005

Eu e o meu umbigo III

No fim de uma relação, não é ter perdido o outro que me marca. É ter perdido a paciência...

Eu e o meu umbigo II

No fim de uma relação, não é ter perdido o outro que me incomoda. É ter perdido tempo.

Eu e o meu umbigo

No fim de uma relação, não é perder o outro que me incomoda. É perder.

sexta-feira, outubro 21, 2005

As presidenciais

Cavaco Silva anunciou ontem a sua tão esperada candidatura à Presidência da República. Efectuou um discurso sereno, virado para o futuro, e esclarecendo aquilo que, à partida, era importante esclarecer - a sua visão do cargo que se propõe ocupar e o real alcance das funções que se propõe desempenhar. É importante que o tenha feito.
É também importante que tenha dito que não corre contra ninguén, já que, nos dias que correm, todos correm contra ele, Cavaco - excepto Manuel Alegre que quer ver vingada a humilhação inflingida por um amigo e pelo partido de uma vida inteira - mesmo que isso signifique uma absoluta incongruência com o passado de muitos.
E, por falar nisso, também ontem nasceu o blogue não oficial de apoio à candidatura de Mário Soares. Fugindo à óbvia e fácil piada da idade, diga-se que estes apoiantes fizeram um óptimo trabalho ilustrativo. Soares deixa de aparecer como um simpático e inofensivo velinho, e surge agora como um renovado canalizador numa ridícula vestimenta, que, se bem me lembro do jogo, pouco mais fazia para sobreviover do que saltar por cima de pachorrentas tartarugas (onde é que eu já vi isto???)...
Não podia, ainda, deixar de dizer, que não concordo com o meu amigo Pedro. Eu não quero um presidente que tenha, como parte dos seus atributos, o " sonho", a "poesia" e o "humanismo" que faltam a Cavaco... Eu quero-o assim, tal como sempre foi : "frio e mecânico".
Eu quero um homem capaz de, eficientemente, diagnosticar e vislumbrar soluções para os males do país.
Eu quero, e Portugal precisa, de crueza e eficiência.
Sonho, Poesia e Humanismo, eu encontro no Pomar, no Julião Sarmento, no Pessoa, na Sophia e nos meus amigos, todos eles portugueses de quem gosto muito, mas que eu não queria ver na Presidência da República...

quinta-feira, outubro 20, 2005


A amiga: - Mas tens a certeza de que estás bem assim, sozinha?

Ela: - Melhor do que com qualquer dos homens que conheço...

Culturgest e gestos de cultura

Na habitual ronda pelos blogues mais lidos, em busca de inspiração para reanimar este, ultimamente tão moribundo, deparei-me com uma realidade que, desde há muito, me vem incomodando.
A esquerda escrita e blogada, e desta vez a pretexto do DocLisboa, esfrega, mais uma vez, na cara da direita, a sua ausência dos principais eventos culturais e lambe o rótulo do analfabetismo e tecnocracia enquanto lho cola na testa.
Confesso que já não há paciência...
Eu sou de direita, e fui, neste último mês, a vários concertos, todos eles na Culturgest. Havia por lá, de facto, muita gente de esquerda, nomeadamente, uns senhores que, vestidos da sua capa da intelectualidade (e todos de preto, que é como se querem), conversaram durante todo o concerto do Hermeto Pascoal, até que lhes dei um berro (de direita e bem salazarista até), para poder ouvir um dos maiores músicos ainda vivos.
Se a direita é pouco dada a cultura, aquilo que eu tenho visto (e ouvido, até mais do que gostaria), no dito meio cultural, é que a esquerda é pouco dada a educação... e a banho!

Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau...

Cristiano Ronaldo é acusado de ter violado uma jovem depois de (i) ter conhecido a dita jovem num espaço nocturno em Londres e (ii) esta ter, voluntariamente, acompanhado o jogador à suite de um hotel de luxo onde este se encontrava hospedado.
Ora bem, chamem-me devassa e perdida, e façam o sinal da cruz, mas... Alguma mulher, nos dias que correm, acompanha um jovem e promissor talento do futebol mundial, multimilionário e de tronco musculado, que conheceu horas antes, a um quarto de hotel, na esperança de ter uma aula de tapetes de arraiolos?

segunda-feira, outubro 17, 2005

Hoje é o aniversário de alguém muito especial.
Não passa um dia sem que me lembre dele.
Não passa um dia sem que tente perceber.
Passam tantos dias, e continua a faltar um bocado de todos nós.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Descobri que sou ainda mais feliz sem aquilo que achava que queria.
Só temo não o ser totalmente por falta de alguma coisa que me recuso a acreditar que quero.

terça-feira, outubro 11, 2005

Girlstalk


A amiga: - Mas ele não é interessante?

Ela: - Ééééééé....! Mas não ME interessa nada....

Votem lá no meu filhinho...

Mário Soares não resiste a ser o centro das atenções, e resolveu adoptar a postura vencedora nestas eleições autárquicas.
A julgar pelos resultados obtidos pelos candidatos com relações mal resolvidas com a justiça, Soares não quis deixar de abraçar a modernidade.
É de homem...!

sexta-feira, outubro 07, 2005

Hoje é dia para

Ouvir o remix de "Don't Leave Me This Way" por Dimitri From Paris...

quinta-feira, outubro 06, 2005

Opções de vida

Enquanto uma grande parte das mulheres vive para constituir família, uma minoria, na qual me incluo, vive para constituir sociedades...


Em pleno período depressivo este Blog tem o prazer de informar V.Ex.as que se encontra, neste momento, um par de sapatos mais feliz do que antes...

terça-feira, outubro 04, 2005

Ainda nas histórias de encantar e uma gente encantadora

O estado depressivo que (hoje) se apoderou deste blog interrompe a sua emissão para agradecer a este insecto e ainda a este poeta.
Embora este blog tenha a maior das desconfianças no que respeita a príncipes encantados, uma mulher independente e resolvida não vive, nem nos dias de hoje, sem os seus fiéis cavaleiros.


Hoje acordei apenas com a sensação de estar um dia mais triste.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Histórias de amor (ou nem tanto) em tempo de guerra (fria)


Há poucos dias discutia com uma amiga a utilização pouco racional que os homens fazem das suas "armas nucleares" numa relação a dois.

O que a minha experiência (e obviamente o intercâmbio de conhecimentos efectuado com as mulheres que me rodeiam) me tem permitido perceber é que os homens atacam invariavelmente (e independentemente das características do alvo) com o mesmo tipo de abordagem.
Seja porque está em causa um enorme decote num vestido de costas nuas, ou porque encontraram a mulher que querem para mãe dos seus filhos, é notória a semelhança de percurso para atingir qualquer destes fins. Passa, essencialmente, por fazer a dita mulher sentir-se uma princesa no mundo de ambos, e, uma vez atingido um dos objectivos anteriores, reconduzi-la à dura realidade, fazendo notar que não passa de uma gata borralheira, com tendência a tranformar-se, quando muito, em abóbora...
Intriga-nos a todas esta necessidade de utilizar armas nucleares sem qualquer aviso prévio (em vez de, inteligentemente, como faria a Coreia do Norte, ir mostrando lentamente que as tem, até ter o inimigo rendido, ou apavorado), este transbordar desnecessário de charme (à galã de filme dos anos 50), e tudo isto, quando, inevitavelmente, a montanha vai parir um rato...
Não sejam tão líricos na abordagem, isso poupa ralações a ambas as partes. As mulheres, nos dias que correm, também já estão formatadas para viver bons momentos, sem que isso implique juras de amor eterno. Há mesmo, imagine-se, as que não acreditam em príncipes encantados...