Mel Com Cicuta 

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room.

 

William Hazlitt  
      

   

quarta-feira, março 29, 2006


Aqui, com a cadela sentada aos meus pés enquanto leio um livro e espero que saiam da água com as pranchas para irmos beber caipirinhas ao bar.
A pele torrada e quente do sol que faz esquecer o frio marmóreo do vazio cá dentro. E depois um alpendre com boa conversa e muitas estrelas.
Ah...! E o Joel Xavier com o Ron Carter lá ao fundo.

(2) My Funny Valentine

A cada reencontro ela tinha uma nova desilusão.
Acabava, invariavelmente, a olhar o mar e repensar todos os porquês. Construia esquemas mentais que justificavam as atitudes medíocres dele e racionalizavam as suas cobardias. De cada desilusão e dor profunda nascia uma teoria mais sólida e elaborada, todas o desculpavam, por uma ou outra razão.
Era a natureza dele. Ele dizia, e ela acreditava. Porque queria desesperadamente acreditar. tinha de haver uma justificação racional para continuar à espera.
Foi formatada para não acreditar em chavões nem clichés. Para desprezar as mulheres que se deixavam agredir e manobrar. Vive de acreditar que não precisa senão de si para ser feliz, e que a sua competência e capacidade lhe bastam, como armas para enfrentar o mundo.
O grande mal das mulheres ardilosas é que conseguem enganar até a si mesmas, melhor que os outros conseguiriam. Ele enganou-a muitas vezes, mas ela ajudou em todas elas. Era contra si que deveria ter lutado.
Em todos os outros homens com quem se cruzou foi encontrando defeitos, que apontou e sentenciou... mortalmente. Nenhum certamente tão grave comos os que ele tinha.
Por ele permitiu-se atropelar algumas das suas convicções mais fortes. Perdoou-lhe maldades que recusou sequer assumir que existiam, mesmo quando essas maldades a olhavam nos olhos com sorriso trocista.
Durante noites a fio chorou até adormecer, na maior parte das vezes, de raiva, dele e de si mesma.
Mas nunca se foi embora sem antes acabar calmamente o seu Wisky... com muito gelo. A única coisa que ele lhe dava sem exigir que, em troca, ela abdicasse de ser quem é.

O meu amigo João é que sabe

A parte boa de ter amigos como este é que, mesmo quando nós perdemos o sentido prático e cínico da vida, eles não.

No único dia do ano em que resolvi acreditar na viabilidade do amor, recebi o seguinte sms:

"Se te queres afogar, não te tortures com água rasa."

Não precisei de mais do que algumas horas para percerber que o João tinha razão.

Boa viagem


É tão estranho quendo o nosso porto seguro segue, ele próprio, viagem.
Vou ter saudades daquele piano, das nossas conversas, e da sua maneira genuína de gostar dos outros.
Até breve.

quinta-feira, março 09, 2006

Post à medida e mediante solicitação

A fotografia de Nova Yorque que aparece há quatro posts atrás é da autoria do meu amigo Henrique Burnay.
Este óptimo rapaz não só é uma fantástica companhia para viajar (sobretudo para quem tiver um bom mapa) como se revelou um surpreendente e interessante cronista de viagens (vejam o belíssimo texto sobre a Irlanda na Atlântico deste mês, já nas bancas).
E pronto! Repus o Copyright e houve direito a publicidade gratuita.
Agora, meu caro Henrique, e na lógica de a amizade ser uma "two paths road" só faltas pores um linke para o meu blog na porcaria dos teus favoritos, já lá vai quase um ano...Humpf!

É ter na alma a chama imensa

quarta-feira, março 08, 2006

Das duas, uma...

Os homens querem-se altos ou brilhantes, não se podem dar ao luxo de ser minorcas e medíocres...

segunda-feira, março 06, 2006

Eu também não, mas haverá novidades, em breve, num blog perto de si...

Um amigo que não posta imagens no seu próprio blog, lembrou-me, gentilmente, das saudades que tenho de estar AQUI

O Ex-professor Freitas do Amaral

O Ex-Professor Freitas do Amaral, não cessa, a cada instante, de nos surpreender.
Vou escusar-me, porque já nem eu aguento ouvir opinar sobre o assunto, a tecer comentários sobre o episódio dos Cartoons de Maomé, e sobre o triste facto de sermos o único país do mundo dito civilizado a receber louvores públicos do Irão.
Desta vez, o ministro alega que a falta de verba para requisição do Falcon da força aérea o terá impedido de estar presente na reunião do Conselho de Assuntos Gerais e Relações Exteriores, junto dos seus congéneres, em Bruxelas.
O estado português começa a parecer-se com as famílias de classe média que insistem em comprar carros acima das suas possibilidades e que, a partir do meio do mês, se vêem forçadas a deixá-los na garagem, por “alta de verba” para o combustível.
Será que os assessores de imprensa de Freitas lhe disseram que esta era uma boa forma de reconciliar o político com o “português médio”? Se sim, para a coisa resultar, alguém o deveria ter prevenido que o português médio chegaria ao seu destino sim, e de autocarro, daqueles apinhadinhos de povo que fede. Desta maneira, e com a história pela metade não é só parece pretensioso como é certamente ridículo.
Nada, a que o nosso ilustre ministro dos negócios estrangeiros ainda não nos tenha habituado.
Sugestão nossa: Se o problema é combustível, porque não um jogo de futebol amigável entre os membros do executivo e altos quadros da GALP? É que se a malta der ao pezinho não há quem fique pelo caminho….