Mel Com Cicuta 

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room.

 

William Hazlitt  
      

   

terça-feira, julho 31, 2007

Better half



Ontem Bergman, hoje -- como lhe chama (e bem) o Tiago-- o último dos italianos: Michelangelo Antonioni. O mundo não encolhe, mas vai perdendo graça.

segunda-feira, julho 30, 2007

Do calor colonial

“ (…) Entrei no quarto atordoado, com bagas de suor na face. E debalde rebuscava desesperadamente uma outra frase sobre o calor, bem trabalhada, toda cintilante e nova! Nada! Só me acudiam sordidezes paralelas, em calão teimoso: — “é de rachar”! “Está de ananases”! “Derrete os untos”!... Atravessei ali uma dessas angústias atrozes, grotescas, que, aos vinte anos, quando se começa a vida e a literatura, vincam a alma e jamais se esquecem. (…)”

Eça de Queiroz, A correspondência de Fradique Mendes

Da essência do Mel - Obituário



Morreu Ingmar Bergman, que fez (entre outras coisas) o favor de dar uma cara a esta casa. Em cima, como no Template, Sommarlek (Juventude, divino tesouro)[1951].

sexta-feira, julho 27, 2007

Banda sonora para viagens que se querem longas

quinta-feira, julho 26, 2007

Earl Grey


Guilty Pleasures

Estar sentada no cabeleireiro e ouvir uma proeminente (e sujeita a medida de coacção) autarca deste país discutir a guerra da sucessão do BCP e a OPA à PT com uma dondoca de bronzeado artificial e uma manicure.

quarta-feira, julho 25, 2007

Breve tratado sobre a opacidade

"PUT off that mask of burning gold
With emerald eyes."
"O no, my dear, you make so bold
To find if hearts be wild and wise,
And yet not cold."

"I would but find what's there to find,
Love or deceit."
"It was the mask engaged your mind,
And after set your heart to beat,
Not what's behind."

"But lest you are my enemy,
I must enquire."
"O no, my dear, let all that be;
What matter, so there is but fire
In you, in me?"

The Mask, William Butler Yeats

Previsão do estado do tempo para hoje

This charming man ©

Para a Margot, pelo primeiro aniversário do delicioso folhos e confettis.

terça-feira, julho 24, 2007

Previsão do estado do tempo para hoje

Sem memória


Tenho vários amigos em processo de separação dos respectivos consortes. Casados, namorados de longa data, arranjinhos mais ou menos fixos, amizades coloridas, gente que se limita a partilhar o espaço das prateleiras da cozinha; há de tudo — E pelo menos dois terços estão (uns feliz, outros infelizmente) em processo de seguir cada um o seu caminho. Não sem grandes hesitações, não sem reconciliações temporárias e parciais, como os funerais de New Orleans (se não me falha a memória) nos quais, ao som de jazz preto e swingado, se despedem dos mortos com um cortejo onde se dão dois passos à frente e um para trás, prolongando a despedida e atribuindo um toque de languidez à angustia da perda.
E assim se tem passados estes tempos, com telefonemas nocturnos e alternados de cada um dos better half (quando acontece ser-se amigo de ambos), sempre sinceramente doídos e não falsamente convictos quanto à irreversibilidade da ruptura. Depois do exercício de oralidade típico dos amigos que dão um ombro e emprestam uma lanterna para minorar o susto de um caminho escuro adivinhado tornamos a encontrá-los, juntos e sorridentes, numa qualquer solicitação social, como se nada fosse, como se todos nos tivessemos tornado surdos, à data das conversas de antes. Até que elas (as conversas) voltam, e com elas o choro, a decepção, o desalento de ter de reaprender a caminhar sozinho.
É inevitável que fiquemos tristes e sintamos um bocadinho como nosso o fracasso emocional daqueles que nos são próximos, cujas relações afectivas se tornam instituições em vidas que não apenas as suas (afinal, adoptamos mesmo os frutos daquelas relações como se fossem filhos dos irmãos que nunca havemos de ter), mas não podemos deixar de pensar, por um bocadinho, que, no mais das vezes, a durabilidade das relações vem de todo o lado excepto do prazer imediato que elas nos proporcionam. O Homem, criatura de hábitos, prefere a ilusão de conforto de um conhecido que já não lhe aqueça a alma ao perigo iminente da solidão fria ou às amplitudes térmicas do estado de enamoramento, e por isso rumina e retarda o fim das relações já mortas, encetando (numa lógica absurda e autista de fugas para a frente) uma sucessão de novas tentativas, repristinações e recomeços. O problema é que “o recomeço” — esse conceito nobre e luminoso que encobre uma demão de tinta mal enjorcada na nossa parede grafitada de emoções — só funcionaria se pudéssemos, um dia, reencontrar o outro, sem memória.

segunda-feira, julho 23, 2007


Fernando Lemos ( 1926 - ) Portuguesa
Espera do Vôo, 1949/52-05
Fotografia a preto e branco 60 x 50 cm

Royalties

O Queridíssimo Luís — que tem um blogue onde o bom gosto é elevado à categoria valor moral (coisa que, aliás, aplaudimos) — passa-me mais uma destas correntes que têm por objectivo entrar-nos casa dentro e espreitar as estantes dos livros. Ora, não só este blogue já se pronunciou amplamente sobre as leituras em curso (e recém terminadas), como começa a temer represálias dos agentes infiltrados da CIA que se amofinam um pouco por todo o lado quando há referências a russos ou outra coisa do género. Assim, e porque, infelizmente, não podemos fazer toda a gente feliz e apresentar nos escaparates pessoais coisas mais modernas e que ficariam certamente mais simpáticas na lapela se pretendêssemos transmitir um ar mais blasée (olhando a magnificência de alguns clássicos com esgar de enfado) e menos, (vá…), snobbish, vamos deixar cair a corrente, e, num correcto exercício de autismo e boa vizinhança falar um pouco sobre:
(i) Esta maravilhosa rubrica em jeito de crónica sócio-estética que o Luís tem lançado (não tão regularmente como se desejaria) no seu Choose a Royal, e
(ii) O faro magnífico que tem para aconselhar as festas certas, nos locais adequados, invadidos por multidões ordeiras que propiciam noites entre o irrepreensivelmente chic e o delicioso drôle decadente.
No mais, será sempre um prazer acompanhar o cavalheiro num pé de dança, a distâncias regulamentares homologadas nos melhores bailaricos de bairro.

Sobre os meios adequados para a minoração dos efeitos da excessiva exposição solar, mas não apenas.

Do poder de encaixe



sexta-feira, julho 20, 2007

Idiossincrasias

Sempre admirei os moderados na mesmíssima medida em que os desprezei. Incoerência? Passamos a teorizar:
Se, por um lado, não aprecio o radicalismo bacoco e soberbo de certezas inexpugnáveis (que não reflecte muito mais do que uma limitação de horizontes), por outro, incomoda-me a lassidão dos que recorrem à moderação como desculpa para o comodismo (escudando-se nela como pretexto para a ausência de uma verdadeira e consciente formação de vontade).
No mais, o segredo para o sucesso do diálogo não está necessariamente na moderação na defesa de opiniões, mas antes na elevação de carácter que requer que se ponha em prática uma educação imaculada, ouvindo o próximo que nos seja ideológica e socialmente distante e na inteligência de aproveitar o que de bom tenham as ideias distintas das nossas.
De facto, admito ter estado enganada este tempo todo. Aquilo pelo que nutri sempre alguma simpatia foi pela ponderação, pela análise distanciada e pesagem tão descomprometida quanto possível de prós e contras. Uma vez formada a vontade e respeitados os requisitos básicos de uma educação que respeite padrões mínimos de civilização, parece-me que a moderação bem pode ir dar uma curva.

George Steiner errou



We do have more beginnings.

quinta-feira, julho 19, 2007

A housewarming post



A vida dá tantas voltas que nos vai transportando para latitudes opostas em espaços curtos de tempo e propiciando alguns choques anafilácticos aos organismos mais sensíveis a viagens longas e turbulentas. O síndrome de Roller Coaster (podia muito bem chamar-se assim) dos que vão sendo, à vez, albarroados pelo impacto da novidade ou mareados pelo embalo do tédio. Na ausência de minutas para a transposição dos dias (porque nunca são iguais, e, mesmo os mais padronizados, vão carecendo de adaptação ao caso concreto) criam-se mecanismos que permitam sobreviver às hostilidades circunstanciais: para uns, a formação de hábitos e rotinas que transmitam uma segurança aparente e um conforto sólido; para outros a adopção de uma carapaça dura e camaleónica que possibilite a concretização imaculada da longa jornada.
Os mais dados a tiques solitários, umbiguistas, misantropos, as gentes mais desligadas da Gente tenderão a acrescentar aos mecanismos anteriores um que lhes permita estar igualmente imunes as efeitos que o excesso de humanidade possa ter nas vidas. Nada contra. Afinal grande parte da graça da humanidade reside no estimulante exercício teórico quer passa por evitá-la. A todo o tempo. Contudo, até para esses -- mais avessos à invasão do seu perímetro de segurança vivencial -- que consideram a solidão o terreno ideal para a contemplação serena dos dias, vale a máxima Balzaquiana de que a solidão é agradável, mas precisamos sempre de alguém a quem o dizer.
Assim, e porque a montanha russa na qual nos movimentamos diariamente tem lugar para vários ocupantes (cada um deles cioso do seu espaço mas igualmente ávido de cumplicidades) hoje celebramos uma nova etapa na vida de I. Sempre próxima, ali ao lado, à distância de um apelo, passará a estar ainda mais perto, à mão de semear. Porque já que não conseguimos escusar-nos a semear ventos, mais vale ter por aqui quem nos ajude a colher eventuais tempestades.

Project finance



build up

verb (used with object)

To construct (esp. something complex) by assembling and joining parts or materials; to increase or develop toward a maximum, as of intensity, tempo, or magnitude (often fol. by up).

Palliative care for troubled minds

quarta-feira, julho 18, 2007

Momento Jessica Rabbit da semana

Sempre se furtou ao inesperado. Elaborava planos, mitigava os adivinhados efeitos das contingências recorrendo a uma rígida estratégia de cobertura riscos. Fazia um uso espartano e controlado das emoções levianas ou descontroladas sem que isso significasse, contudo, uma real renúncia à impetuosidade. Até ter percebido que a serenidade não residia necessariamente no marasmo e que, à semelhança dos adolescentes demasiado protegidos pelos medos paternos, também as vidas correm o perigo de se tornar alvo de chacota se não se deixarem crescer.

Old habits die hard (but yet they do).



As vítimas começam por identificar-se emocionalmente com os sequestradores, a princípio como mecanismo de defesa, por medo de retaliação e/ou violência. Pequenos gestos gentis por parte dos captores são frequentemente amplificados porque, do ponto de vista do refém é muito difícil, senão impossível, ter uma visão clara da realidade nessas circunstâncias e conseguir mensurar o perigo real. As tentativas de libertação, são, por esse motivo, vistas como uma ameaça, porque o refém pode correr o risco de ser magoado. O complexo e dúbio comportamento de afectividade e ódio simultâneo junto aos captores é considerado uma estratégia de sobrevivência por parte das vítimas e ocorre sem que a vítima tenha consciência disso. A identificação afectiva e emocional com o sequestrador acontece para proporcionar afastamento emocional da realidade perigosa e violenta à qual à pessoa está sendo submetida.

terça-feira, julho 17, 2007

Entretanto, na mesa ao lado

Numa discussão azeda, ela disparava em todas as direcções, sem pudores ou contemplações mínimas que não as estritamente impostas pela da educação que excluíam o recurso ao vernáculo e a alteração do tom de voz. Não bramia acusações, limitava-se a manusear friamente os factos e a enumera-los como rajadas de tiros de armas semi-automáticas. Sempre com um sorriso a meio caminho entre a troça e a perversidade.
[Ele] – Mas de onde é que retiras todas essas conclusões sobre mim? Sabes que não deve haver no mundo albergue suficientemente grande para a quantidade de maldade e peçonha que me atribuis. Porque é que achas que tudo o que faço é necessariamente mal intencionado?
[Ela] – É simples. Penso em mim, nos meus defeitos, nas minhas falhas de carácter. E imagino qual teria sido o resultado se tudo em mim tivesse falhado.

Há 40 anos



Morreu John Coltrane. Mas continua a melhorar algumas das vidas que nos ficaram.

Lady Chatterley

Como as substâncias sacarinas devem ser consumidas com moderação e se deve, sempre, mastigar de boca fechada. Don´t ask, don´t tell.

Amiguismos



"Os medos de Júlio" apareceram na nossa caixa de correio para tornar melhores algumas manhãs. Obrigada Nuno.

sexta-feira, julho 13, 2007

Poseur; poseuse




Subst. et adj., au fig. (Personne) qui adopte un comportement artificiel. Synon. fat, pédant, snob, bêcheur.

Damage control



"(...) I will be your accident if you will be my ambulance

And I will be your screech and crash if you will be my crutch and cast

And I will be your one more time if you will be my one last chance

oh fall for me(...)"

Ambulance, Tv on The Radio

quinta-feira, julho 12, 2007

To know better

Quando vejo traços de ilusão apática no rosto de uma criança não posso deixar de sentir alguma pena pela adivinhada perda da candura nas mãos do mundo. Já em alguém com idade suficiente para ter juízo, o mesmíssimo semblante de ilusão autista não me arranca mais do que uma náusea profunda e prolongada. Sobretudo se for ao espelho.

quarta-feira, julho 11, 2007

A dupla negação

A Fernanda Câncio, diz que (i) gosta de me ler e (ii) que eu me amofinei com um senhor mais velho. Ora bem, (i) eu também gosto de ler a Fernanda, mas (ii) confesso que o senhor mais velho me divertiu mais do que me amofinou. Não se trata de negacionismo mais do que de conhecimento empírico da natureza humana (ou, neste caso concreto, da rapaziada). Aliás, coisa que a Fernanda bem deve saber, a primeira coisa que alguém faz quando conhece um amigo de outro blogger que lê (mas cuja compleição física desconhece) é perguntar “e como é que (x) é fisicamente?”. À parte disso, nada contra as provocações. A bem da verdade, a relação milenar entre homens e mulheres resume-se perfeitamente a uma gaiola de pavões. Andamos cá todos para mostrar as penas e para nos entretermos uns aos outros. Coisas que uns farão melhor, com mais sucesso, que outros farão de forma sofrível e que os menos hábeis morrerão a tentar fazer. No mais, se não formos amibas assexuadas, a provocação está-nos mais ou menos na pele em tudo o que fazemos desde estrear um vestido justo até escolher alho francês no frigorífico do Pingo Doce lá do bairro. Nós só não somos é definidos apenas por isso.
Ah, quase me esquecia: posso eu estar muito enganada, mas há poucas coisas mais sexys do que a negação. Para os homens, pelo menos. Parece que lhes aguça o espírito da caça. Mas isto digo eu, que sou uma (muito jovem) provocadora.
Adenda:Caro Tiago, nestas coisas, em concreto, os homens não são mais básicos do que as mulheres. Somos (todos, igual e imperfeitamente) humanos. Só falei de rapazes, porque era, em concreto, aquilo que se discutia (e o meu target, se preferir). Se, em condições normais, já não espero grande coisa da humanidade, ainda menos quando envolve uma mistura de alimentação de egos com gestão de hormonas.

Amiguismos (ide ver)

Dia 12 de Julho de 2007 marca o primeiro grande concerto dos Lisboetas Rhizome que são uma banda de originais que começou a dar os primeiros passos no início de 2004. Depois de várias formações, a banda conta desde Dezembro de 2005 com David Pinheiro na voz e viola; Gonçalo Costa no Baixo; Bruno Simões na bateria; Ricardo Vasconcelos nas teclas e Bruno Jardim Fernandes na guitarra.
Com influências que vão desde o Jazz à música alternativa, os Rhizome querem conquistar o seu espaço através de sonoridades espontâneas, simples e harmoniosas. O nome vem de um termo epistemológico. O Rizoma é um espaço que não tem principio nem fim, existe no meio.
Concerto: Santiago Alquimista
Abertura de portas: 22:00h
Inicio do espectáculo: 22:30h

Über Wahrheit und Lüge im außermoralischen Sinn, 1873


terça-feira, julho 10, 2007

O Mel feito pelos seus leitores

No lançamento de um livro, entre outros bloggers, encontro alguém que tinha conhecido antes, num jantar, e que tinha ficado, nessa data, a saber que eu tinha um blogue. Cordato e cavalheiro (consideravelmente mais velho que eu ou as pessoas com quem, neste meio, normalmente me dou) aproximou-se esboçando um sorriso, disse que tinha vindo ler-me e que tinha achado muita graça ao registo da escrita. Acrescentou, com um esgar entre a cumplicidade e o paternalismo que tinha muita piada a forma como eu usava o blogue para “provocar os rapazes”. Entre o aturdido e o indignado, e porque o meu conviva estava, de facto, a tentar ser simpático, respondi com trivialidades e guinei a conversa para outras paragens. Quase um mês depois, continuo a recordar-me frequentemente daquela afirmação e não deixa de me espantar que o meu simpático conviva estivesse tão enganado quanto aos factos da vida. Meu caríssimo, se me está e ler, receba um abraço fraterno e a candura de um esclarecimento: a espécie evoluiu, mas não tenhamos grandes ilusões. Quando uma miúda quer “provocar os rapazes” não cita os clássicos russos, não se dá ao trabalho de construir aforismos e não perde horas em exercícios metafóricos. Limita-se a pôr o melhor decote que encontrar no roupeiro lá de casa e um par de sapatos muito altos. Mas obrigada na mesma. Acho.

Gostar de russos (Dostoievski, Turgueniev, Gógol, Tolstoi, Tchékhov...)


Mais uma ficha, mais uma volta.



O Tiago respondeu atrasado, mas foi tão gentil que não poderia ser alvo de retaliações ou embargos blogosféricos. Mais do que gentil, foi absolutamente certeiro na afirmação de que “Saber o que uma pessoa lê, ouve ou vê no cinema pode não ser o meio por excelência para conhecer definitivamente alguém, mas pode servir muito bem para excluir alguém da lista de pessoas eventualmente interessantes”. Eu diria mesmo mais, Tiago. A literatura e a música são a manifestação mais próxima da elevação das opções estéticas à categoria de valor moral. Assim e porque nesta casa fazemos as vontades aos habitués, segue a playlist de ”top 25 most played musics” (música, autor e álbum) do meu ipod (a minha relação afectiva mais douradora). A ordem é aleatória e ficam muitas, mas mesmo muitas de fora. Afinal, nesta casa, não se sabe viver sem som de fundo.
1 – Wolf Like Me, Tv on the Radio, Return To Cookie Mountain;
2- Part I, Keith Jarret, The Köln Concert;
3 – Evil, Interpol, Antics;
4 – Wake up, The Arcade Fire, Arcade Fire Funeral;
5 – Dreams,Tv on the Radio, Desperate Youth, Blood Thirsty Babes;
6 – Lullaby of Birdland, Sarah Vaughan, Sarah Vaughan with Clifford Brown;
7 – You don´t Know what love is, Sonny Rollins, Saxophone Colossus;
8 – Crown of love, The Arcade Fire, Arcade Fire Funeral;
9 – Take a Train, Clifford Brown, Study in Brown;
10 – These Things, She Wants Revenge, She Wants Revenge;
11 – Walk away, Franz Ferdinand, You Could Have It So Much Better;
12 - In the Mood, Glenn Miller, The Golden Years: 1938-1942;
13 – Love will tear us apart, Joy Division, Substance 1977-1980;
14 – Paranoid Android, Brad Mehldau, Live in Tokyo;
15 – Get it straight, Carmen McRae, Carmen Sings Monk;
16 – I Don’t Know what I can save you from (Royksopp Remix), Kings of convenience, Versus;
17 – Monk’s Mood, Thelonius Monk Quartet with John Coltrane;
18 – As time goes By, Frank Sinatra, (numa extraordinária gravação manhosa que não sei de onde veio);
19 – Take it or leave it, The Strokes, Is this it;
20 – Blue Monk, Bill Evans, Conversations With Myself;
21 – Knives Out, Brad Mehldau, Day is done;
22 – Ne me quittes pas, Nina Simone, The best of Nina Simone;
23 – Autumn Leaves, Miles Davis, The Best of seven steps: the complete recordings (1963-1964);
24 –Round Midnight, John Coltrane, Miles Davis, The Best of Miles Davis and John Coltrane:1955-1961;
25 – My funny Valentine, Chet Baker, The Best of Chet Baker Sings.

Adenda: Obrigadinha, Tiago. Este exercício aparentemente simples ia-me levando à loucura. Duas horas (duas horas) em transcrição, corte e colagem, cds espalhados por todo o lado e, mais grave ainda, a angústia, a escolha, a selecção, o deixar de fora e o olhar indignado dos que foram devolvidos à estante. Passo esta verdadeira prova de enduro, em jeito de provocação infantil ao Pedro.

segunda-feira, julho 09, 2007

There is no modern romance

Em vez de inquirir se podia lá deixar a sua escova de dentes, tomou-a pela cintura, fixou-lhe os olhos ainda ensonados e baços e perguntou se podia deixar gravada no computador dela a sua password do blogger.


E agora, caro leitor, depois de uma semana de música recreativa, vamos falar-vos de coisas sérias:
No Estoril Jazz, Buster Williams com o seu mais recente quarteto, Marcus Srickland, nos saxofones tenor e soprano, Lenny White na bateria e Danny Grissett no piano, todos acompanhados de uma brisa gélida. E não foi preciso mais nada.

sexta-feira, julho 06, 2007

Também por ser Sexta-feira



De caminho para outros concertos mais apropriados para uma menina com trajes de veraneio, aproveitamos para dar alguns recados que não podem ficar esquecidos:

(1) Aos correctíssimos cavalheiros João Villalobos e João Távora do Corta-fitas, sempre tão exagerados nos elogios a esta casa, um obrigado algo embaraçado;
(2) Ao maravilhoso Paulo Pinto Mascarenhas, só por ser.
(3) Ao Maradona, em resposta à sua indagação amigável temperada de simpatia jocosa, foram 5 Superbock green bebidas de frente para o palco a ver Arcade Fire, Maximo Park, The Gossip, TV on the Radio e Interpol. Está bem assim?
Agora vou ali ao Estoril Jazz reconciliar-me.

Então até Novembro

Uma boa razão para estar vivo em 2007



Ter visto estes rapazes ao vivo, apesar da luz do dia.

quinta-feira, julho 05, 2007

SBSR - uma abordagem humanista

Opiniões e sensibilidades musicais à parte, aproveitamos para partilhar com o leitor que esta incursão no mundo do Rock (do qual, a bem da verdade, nunca fomos muito próximos) nos confirmou várias suspeitas: (i) a de que não temos a alma generosa e abnegada das gentes festivaleiras; (ii) a de que todas estas coisas simpáticas, virtuosas ou mesmo geniais que andamos a ouvir cederão ante o primeiro piscar de olho de um bom piano acompanhado de um contrabaixo e, (iii) finalmente (esta mais grave e solene) a de que já não temos idade para perder noites entre banhos de multidão e batidas dançáveis para, no dia seguinte, tentar pegar a vida exactamente onde a deixámos.

Mais coisas boas



Também por lá andaram estes rapazes. Acho que vou passar a estar mais tempo com eles, daqui em diante.

Bandas sonoras adequadas para ver nascer o sol

Maximo Park



Eu achava que as boas surpresas eram coisa do passado que chegavam guardadas nas malas das tias solteiras regressadas de viagem. Até ter visto estes senhores em palco, meus amigos.

quarta-feira, julho 04, 2007

Esteta social

Não se entusiasmava particularmente com a beleza dos corpos, mas não era capaz de tolerar a fealdade dos modos.

Está bem assim?



Olhe o seu parceiro, tome-lhe a mão, capte a atenção dos restantes e declare: "vamos dançar".

Um post com pouco mais de 3 acordes

Nos próximos dias os artifícios das narrativas darão lugar à fidelidade simples das bandas sonoras. Porque, às vezes, não temos querer nem vagar e há toda uma vida lá fora. Ou mais ainda.

segunda-feira, julho 02, 2007

Da insónia

Sempre invejei aqueles que, abençoados pela vigília originária, nunca apreciaram os prazeres ou a dependência do sono. Os que ostentavam triunfalmente as 4 horas passadas no leito como suficientes para retemperar e recuperar o corpo e a mente. Certamente com código genético herdado de koalas nunca fui capaz de dedicar-me a raciocínios intrincados sem desrutar de, pelos menos, 7 horas de sono; de ser socialmente aprazível com menos de 8; ou de demonstrar algum sentimento nobre pelo próximo com menos de 10 horas de pálpebras cerradas. As longas noites de estudo na faculdade e o ritmo de trabalho alucinante vieram, a injecções de adrenalina, aumentar o leque de possibilidades e a resistência, sempre por absoluta noção de dever e frenesim profissional. Noites perdidas em negociações, redacção e análise de contratos deixaram há muito de ser raras; mas sempre lutando por não me deixar aninhar nos braços de Morfeu, com doses de teína que certamente ultrapassariam todas as escalas conhecidas nos testes de dopping.
Recentemente, uma nova experiência: as insónias. Não ao deitar (como no comum dos mortais) mas umas horas antes do amanhecer. Pelas 5 da manhã, a tempo de ver nascer o sol que me sorri cinicamente indagando da beleza do seu reles e apreciado umbigo. Invariavelmente, há algumas semanas, o crepitar dos móveis, o acordar das ruas, a tosse da vizinha do segundo andar que é hospedeira e sai para fazer o primeiro voo da manhã para Madrid às 7. E eu, entre a angústia e a desesperança, folheio livros, adianto trabalho, rebolo-me decadentemente na cama, espreito o sol que, infame, insiste em fazer-se nascer, até que o sono — atrasado e trôpego como um marido boémio — entre em casa, pé ante pé, e me envolva nos seus braços (o topete...) meia hora antes de tocar o despertador.

Ascensão e queda

[Fall of Icarus, Peter Paul Rubens (1636-1638)]

O código civil errou

ARTIGO 328º
(Suspensão e interrupção)
O prazo de caducidade não se suspende nem se interrompe senão nos casos em que a lei o determine.

Há coisas que não caducam.

Sobre o que realmente interessa

[Vladimir Pétrovitch] - Quel plaisir avez-vous à recevoir ce monsieur Malevsky? lui demanda-je un jour.
[Zinaïda] - Oh! il a un amour de petite moustache! répliqua-t-elle. Et puis, à parler franc, vous n'y entendez rien. Croyez-vous donc que je l'aime? me dit-elle une autre fois. Je ne peux pas aimer une personne que je regarde de haut en bas... il me faudrait quelqu'un qui soit capable de me faire plier, de me dompter... Dieu merci, je ne le rencontretai jamais!...Je ne ma laisserai pas prendre! Oh non!
Ivan Tourgueniev, Premier amour

domingo, julho 01, 2007

And you did it