Mel Com Cicuta 

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room.

 

William Hazlitt  
      

   

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Royalties

O Queridíssimo Luís — que tem um blogue onde o bom gosto é elevado à categoria valor moral (coisa que, aliás, aplaudimos) — passa-me mais uma destas correntes que têm por objectivo entrar-nos casa dentro e espreitar as estantes dos livros. Ora, não só este blogue já se pronunciou amplamente sobre as leituras em curso (e recém terminadas), como começa a temer represálias dos agentes infiltrados da CIA que se amofinam um pouco por todo o lado quando há referências a russos ou outra coisa do género. Assim, e porque, infelizmente, não podemos fazer toda a gente feliz e apresentar nos escaparates pessoais coisas mais modernas e que ficariam certamente mais simpáticas na lapela se pretendêssemos transmitir um ar mais blasée (olhando a magnificência de alguns clássicos com esgar de enfado) e menos, (vá…), snobbish, vamos deixar cair a corrente, e, num correcto exercício de autismo e boa vizinhança falar um pouco sobre:
(i) Esta maravilhosa rubrica em jeito de crónica sócio-estética que o Luís tem lançado (não tão regularmente como se desejaria) no seu Choose a Royal, e
(ii) O faro magnífico que tem para aconselhar as festas certas, nos locais adequados, invadidos por multidões ordeiras que propiciam noites entre o irrepreensivelmente chic e o delicioso drôle decadente.
No mais, será sempre um prazer acompanhar o cavalheiro num pé de dança, a distâncias regulamentares homologadas nos melhores bailaricos de bairro.

Pois como não somos dados a estes apelos comunitários, nem sabíamos que estas coisas existiam. E como as crianças ficámos logo excitados e a querer mover este mundo e o outro na aventura dos mais lidos.
Mas só por isto valeu a pena: receber tamanho parágrafo de uma contínua lisonja, de uma mulher que admiramos e estimamos, é seguramente muito mais do que os 5 russos que anda a ler.
Faremos todos os esforços por tentar corresponder, sobretudo no que toca ao “o que é esta merda?”, pois, como compreenderá não é assunto com que gostemos de nos preocupar. Cada comentário daqueles é resultado de uma enorme indignação que nos tira anos de vida e corrói por dentro. Porém compreendemos a sua predilecção, e faremos todos os esforços no sentido de empenhar a todo o custo o estandarte das estéticas mais atrozes.
As festas estão asseguradas, dados os sucessos. A multidão estamos certos de que é aquela mesmo, com os calções, as havaianas e tudo o mais de que gostamos (mas de que fingimos não gostar).
O pé de dança está assegurado. Abriremos a pista, quando lançarem os primeiros fumos e luzes laser, ao som de um qualquer hit que já não ouvíamos desde os Polystar dos irmãos mais velhos. Será uma honra voltar a respeitar as distâncias (ainda para mais agora que sei quem devo respeitar!).
Bem haja,

Royal.
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