Mel Com Cicuta 

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room.

 

William Hazlitt  
      

   

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Culturgest e gestos de cultura

Na habitual ronda pelos blogues mais lidos, em busca de inspiração para reanimar este, ultimamente tão moribundo, deparei-me com uma realidade que, desde há muito, me vem incomodando.
A esquerda escrita e blogada, e desta vez a pretexto do DocLisboa, esfrega, mais uma vez, na cara da direita, a sua ausência dos principais eventos culturais e lambe o rótulo do analfabetismo e tecnocracia enquanto lho cola na testa.
Confesso que já não há paciência...
Eu sou de direita, e fui, neste último mês, a vários concertos, todos eles na Culturgest. Havia por lá, de facto, muita gente de esquerda, nomeadamente, uns senhores que, vestidos da sua capa da intelectualidade (e todos de preto, que é como se querem), conversaram durante todo o concerto do Hermeto Pascoal, até que lhes dei um berro (de direita e bem salazarista até), para poder ouvir um dos maiores músicos ainda vivos.
Se a direita é pouco dada a cultura, aquilo que eu tenho visto (e ouvido, até mais do que gostaria), no dito meio cultural, é que a esquerda é pouco dada a educação... e a banho!

Já agora, uma pergunta... Como é que numa multidão anónima se percebe quem é de Direita e quem é de Esquerda? Provavelmente pelo cheiro, não?
Ataque de snobismo? ou mero desabafo...?

Convenhamos que isso do cheiro não conta. Piadas fáceis são isso mesmo: piadas fáceis (e torpes)...Direita e Esquerda distinguem-se pelas linhas (ideológicas) reitoras, meu caro...
Bem, tenho a dizer que eu me distingo pelo 212 da Carolina Herrera. Acham que tresanda a esquerda, meninos? (É que eu sou de esquerda... mas não é por ser de esquerda - é mesmo, mesmo só por ter algum gosto por isso - que gosto de ir à opera em copenhaga, visitar o Met de NY, comprar livros no Louvre, dar um salto a Londres para tomar chá nas Saint Catherine Docks, passar o Natal em veneza, ir ao concerto do Hermeto, e sim, faço-o desde pequenina... não é uma novidade na minha vida...). Mas por que é que certos sectores de uma esquerda triste, e outros de uma direita que se acha contente, não percebem, de uma vez por toda, que há gente inteligente (e educada...) do outro lado da barricada? Credo! O mundo podia ser tão melhor se as pessoas se vissem umas às outras sem o preconceito inicial da antipatia política. É apenas uma questão de educação. Regra n.º1: não impor a tua opinião aos outros (é feio, e cheira mal). Kashmir, estou contigo! Os rótulos são uma coisa triste.
Mas a cultura não será superior a qualquer ideologia?
É que esta conversa de esquerda e direita já está completamente out!
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