Mel Com Cicuta 

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room.

 

William Hazlitt  
      

   

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Malas feitas


Os nossos dias são feitos de chegadas, de abandonos e regressos. Como um cais de embarque dos comboios antigos em noites de nevoeiro, quando as pessoas ainda usavam capas e chapéus para viajar. As chegadas são sempre expectativa e novidade e medo e vontade (as que não são só enfado, mas dessas nem vale a pena falar) os abandonos são angústia e amargura e tristeza e saudade e uma pontinha de esperança ou libertação (mesmo que não se queira), e os regressos… Os regressos são apaziguamento, glória, consolo no fracasso.
Em todos estes momentos já encontrei felicidade, vendo chegar um desconhecido que se tornou gente minha ou partir um conhecido que se revelou má gente, mas raras, muito raras vezes, experimentei o calor que só se sente com os regressos, com a noção do preenchimento dos espaços vazios, com a recolocação do universo na sua devida ordem. O conforto morno e a felicidade (que tem um bocadinho do travo doce do fumo de um bom cachimbo) do regresso — aos nossos lugares e daqueles de quem gostamos que vimos partir — é a única coisa capaz de superar a alegria de nos vermos ser abandonados por uma companhia inútil ou indesejada.