Sempre apreciei a amargura enquanto registo literário. A capacidade de manusear as palavras e extrair delas o efeito que têm as pedras atiradas -- gratuita e raivosamente-- em actos selvagens e inexplicáveis como a lapidação. Mas a técnica (audaciosa e muito mais difícil do que, à partida, possa parecer) só funciona se devidamente alicerçada numa sólida dose de genialidade. A amargura dos medíocres não é mais do que uma tentativa parola e estaticamente tosca para disfarçar o despeito dos solitários. Um pateta, por mais literato que seja, não se pode dar ao luxo de ser amargo.
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Posted by RC | 12:47 da manhã