Estado Contemplativo
Algures por volta de 11 de Novembro, este blog pegou nas Vuitton e rumou, com duas outras amazonas, à feira da Golegã, trazendo, na volta, dois sobretudos encharcados em baba de cavalo, dois pares de botas TOTALMENTE impraticáveis (naturalmente, a única coisa que aceitei montar foi um par de DKNY) e 300 anos de tradição (de outras pessoas) que nos assentam que nem uma luva. A feira tem muita graça, aprendeu-se uma linguagem nova, bebeu-se abafadinho antes do escurecer, o moço de estrebaria era um querido, a gente era toda óptima, pena os bichos que por lá andavam, nem todos devidamente aparelhados...
E, de volta ao meu amado mundo urbano, desprovido de tradições e valores seculares, foi a felicidade de reencontrar a rotina sem bosta de cavalo por perto, o mau humor do dono da tabacaria do Bairro e o barulho dos eléctricos e do sino da Igreja deixada pelo Estado Novo sem os quais já não sei definir o meu silêncio.
Foi, sobretudo, ir até a Culturgest ver o concerto do Mário Laginha, que não é brilhante mas brilhou um bocadinho, e depois beber um bom vinho no Snob, que sabe à sala de jantar de casa dos tios, enquanto o Senhor Albino e o Senhor Azevedo profetizavam o temporal que nos esperava lá fora...
Foi, finalmente, no dia seguinte, encontrar para o Brunch,(que, para descanso do Henrique, não será nunca às 11, porque o nosso fuso horário é o do sonhos que temos), 3 amigos com quem queremos mesmo estar para contar tudo aquilo que eles já sabem e ouvir deles tudo aquilo que já sabemos, e passear pelo Chiado e pela Baixa que já transpiram Natal.
É bom viver em Lisboa todos os dias e voltar de vez em quando...
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