Primavera e primeira infância
Não acredito no amor incondiconal, não gosto de pessoas boazinhas, acho mais graça aos homens conservadores e estou profundamente convencida de que as rosas sofrem de um problema de possidonite crónica (são as equilaventes às "manicures" nas plantas)...
São estas as flores em que acredito, num cesto, num vaso, num jardim ou prensadas nas folhas de um livro.
Lembro-me de mal chegar aos degraus daquele enorme jardim, de ter de me esticar em bicos de pés para lhe poder dar a mão, ser primavera e haver amores-perfeitos e borboletas.
Nas mudanças (de casa, de vida e de leituras) fui encontrando, à vez (entre as páginas dos livros) os uns e as outras que colhemos juntos ou que ele perseguiu para mim.
Eu usava chapéu de palha com uma fita de cetim azul, um vestido de flores e uns sapatos de bailarina que me faziam escorregar. Ele foi a melhor maneira de ser severo que conheci.
Não admira que mais ninguém tenha conseguido acertar nas minhas flores preferidas.
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