Mel Com Cicuta 

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room.

 

William Hazlitt  
      

   

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Era Domingo e eu estava a voltar de um dia de praia no Guincho que, entretanto, se tinha posto cinzento.
Estava irritada por ser Domingo, por ser cinzento e por causa dos mosquitos, aqueles que atacaram as praias.
Decidi que, a caminho de casa, devia parar no Santini. Comprei meio litro de Gelado (um quarto de natas outro de morango) que deveria ser consumido com parcimónia e ritual solene para durar toda a semana.
Depois do jantar fiz o zapping do costume. Fiquei ainda mais irritada. Por ser Domingo, por ser cinzento, porque se adivinhava uma semana sombria. Fui ao congelador. Na porta a colecção de imans que vão sendo recolhidos em todos os museus. A bailarina verde do Degas e um retrato do Picasso advertiam-ne dos perigos de tornar a abrir aquela porta, cinzenta como o fim do dia.
Sentei-me à frente da televisão, e respeitando o compromisso que tinha assumido comigo mesma de não olhar mais para o recipiente isotérmico comi todo o gelado que lá estava. Meio litro. Com os olhos vidrados na televisão.
A culpa de eu ter de ir correr para a Estrela debaixo de um calor tórrido é do Domigo cinzento e do senhor que criou gelados que sabem a Jazz. São complexos na multiplicidade de sabores que porporcionam e nos sentidos que estimulam, mas são a coisa mais simples de saber que se gosta e se quer.