John McEnroe do Jazz
Neste video, Keith Jarret toca Autumn leaves.
Nunca um concerto me despertou tantos sentimentos contraditórios. Nos momentos que o antecederam era a expectativa de ver o melhor pianista vivo, depois de entrar na sala, apagadas as luzes, a irritação da vaga de tosse generalizada pelo auditório fora.
Já se sabia que Keith Jarret não é um músico empático, que não perde tempo nem energias para criar qualquer tipo de afinidades com o público, mas não pôde deixar de me chocar a forma egoísta como exibiu, durante a primeira hora, a sua excepcional qualidade técnica. Naquele trio, só ele devia brilhar e isso fico claro logo ao primeiro tema. Gary Peackock e Jack DeJohnette não fizeram um único solo, digno de ser assim chamado , durante toda a primeira parte. À saída para o intervalo um frio que me gelava por dentro.
Depois, um novo concerto: o pianista (a bom tempo) esqueceu pretender ser uma diva das teclas, e (ainda que timidamente) acompanhado por um experiente contrabaixista e um sólido baterista produziu a melhor hora de jazz ao vivo a que alguma vez assisti. Sólido, virtuoso, tecnicamente irrepreensível. Uma interpretação emocionante de Round Midnight (um dos mais consensuais mas nem por isso menos belo standards de sempre) e, no último encore, um dos meus temas preferidos "when I fall inlove". Por boas e más razões, foi a primeira vez que chorei num concerto.
Ontem, dia 11 de Novembro, pelas 20:00, no Grande auditório do CCB.