Da aplicabilidade da dialéctica a conversas de café
[Ela] – Isso não é bem assim. Da primeira vez eu não tive culpa, da segunda foi praticamente inevitável.
[Ele] – Dás duas bordoadas, em dois tipos diferentes, dignas de os deitar ao chão, num espaço de 24 horas, e queres convencer-me de que não houve nem um bocadinho de animus?
[Ela] – Vê as coisas desta maneira: no caso de A eu nem sabia que estava a fazer uma maldade, na verdade, só percebi depois; E no caso de B, pôs-se tão a jeito que até uma criança de 5 anos teria feito o mesmo.
[Ele] - estás a tentar dizer-me que a maldade não existe objectivamente, que um acto não é mau em si mesmo, se não existir uma componente volitiva? Tu humilhaste-o categoricamente.
[Ela] – Eu não tinha como saber que aquilo era verdade. Fiz um juízo abstracto sobre factos desconexos, e, quando me apercebi, tudo aquilo pareciam setas teleguiadas.
[Ele] – E B? Era preciso responder daquela maneira? Tens a capacidade diplomática de um cacto e a ponderação de um elefante com fome.
[Ela] – Sabes bem que não tolero incompetentes…B tentou ser mau, mas foi ineficaz. Um pulha não pode dar-se ao luxo da ineficácia, e eu, a bem da verdade, até lhe fiz um favor. Da próxima vez ele vai, certamente, pensar num plano mais elaborado, proteger melhor os flancos.
[Ele] – És um caso perdido. Estás a tentar convencer-me que, no primeiro caso, por não ter sido propositado, o teu acto não pode ser ajuizado valorativamente, e que, no segundo, acabaste por prestar, a longo prazo, um serviço ao lesado. Com jeito, convences o primeiro a pedir-te desculpas por ter estado no teu caminho e o segundo a agradecer-te pela lição de vida.
[Ela] - Se não se importarem, era simpático.
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Cumprimentos,
F.Santos
Posted by Anónimo | 4:23 da tarde