Mel Com Cicuta 

Without the aid of prejudice and custom I should not be able to find my way across the room.

 

William Hazlitt  
      

   

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not all, but somethings about f. (and me)

Eu reagi ao simpático elogio da f., e agora respondo à não menos simpática provocação:

Aquilo que a f. chama um "bocadinho de modéstia a mais" decorre de um exercício diário que faço de não me levar demasiado a sério. O mundo, pelo menos aquele onde me movimento, está cheio de gente que se leva a sério (uns com mais, outros com menos razões para isso, outros sem razão nenhuma, Deus bem sabe) e isso é uma maçada. Não me levar muito a sério não é modéstia ou auto-castração infligida primariamente por um mundo machista, é apenas um luxo que me permito para manter alguma (pouquíssima) sanidade mental.

No mais, a f. não me conhecendo - e, desse ponto de vista, já vi que temos um longo e agradável caminho a percorrer - não é obrigada a conhecer a minha relação com (1) as mulheres; (2) os blogues e (3) o elogio na divergência de opinião (ou outro).
Começando pelo fim:
(2 & 3) Não achando eu que o mundo gira em torno do meu teimoso umbigo, é natural que me tenha surpreendido com o elogio da f., porque este blogue, de onde lhe escrevo, tem um número limitado e fiel de visitantes que abarca uma faixa considerável de solteiros misantropos deprimidos e amargos. Felizmente, desses outros, não faltam generosos elogios. Nem tão pouco "a inversa seria verdadeira". Imodestamente lhe afirmo que aprendi a viver na biodiversidade ideológica e que, nos dias que correm, é mais frequente ter dificuldade em encontrar razões para elogiar pessoas com quem, à partida, e por princípio, concordaria (sobretudo pela forma lamentável como formulam as suas ideias) do que a f. ou qualquer outro nos antípodas dos meus valores (desde que saibam o que e como estão a dizer). Nos blogues, tal como a f., leio tudo aquilo de que gosto, sem filtro que não a minha sensibilidade gramatical e noção de decoro. Até o maradona, apesar da minha lacuna de formação no que às idiossincrasias maradonianas diga respeito, (quando não fala 3 dias seguidos de futebol) porque aí, confesso - e embora o tema me seja caro- maça-me um bocadinho.
(1) A f., para não ser tida por provocadora, não me acusa de ter o meu quê de homofóbica (coisa que agradeço). Mas devo - não me defendendo porque não fui acusada - afirmar tranquilamente que não padeço do sentimento de repulsa pelos meus semelhantes. Só não acho que é que 90% das mulheres com quem me cruzo diariamente (nos blogues ou na vida) o sejam. Não porque me ache melhor que umas (nos mais das vezes sou pior que outras), mas apenas porque não me revejo naquele planeta, naqueles assuntos, naqueles interesses e vontades. Dir-me-á a f., e, se calhar, com razão, que ando a conhecer as mulheres erradas? Concedo, mas, como deve imaginar, o tempo é cada vez mais escasso e uso o meu para procurar as coisas que realmente me façam falta. Além disso, e recorrendo a um lugar comum que ainda ninguém conseguiu desmentir, é ponto assente que as mulheres são as maiores praticantes e impulsionadoras da misoginia. As mulheres acreditam na lógica de dividir para reinar e, confesso-lhe, nessas coisas, aprecio mais a subtileza napolitana dos tacos de baseball e rótulas partidas. É nessa medida que, em geral, acredito pouco nas mulheres, mas, em especial, sou caninamente leal àquelas que me provam a excepção da regra.